sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Amizade com Deus

“Mas tu, ó Israel, servo meu, tu, Jacó, a quem elegi, descendente de Abraão, meu amigo” (Isaías 41:8). 


“E se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus” (Tiago 2:23). 


"Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o SENHOR e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito" (Gênesis 17:1). 


Esse é um pensamento impressionante! Pensar que Deus, em toda a Sua auto-suficiência, plenitude e poder, possa desejar um amigo. 

Então, nos deparamos com esses textos: “Abraão, meu amigo”… “amigo de Deus”. 


A busca por essa amizade está velada nos estranhos caminhos que Deus ordena nas nossas vidas. Podemos afirmar que em toda a Bíblia, não houve uma pessoa que tivesse maiores razões do que Abraão para pensar que os caminhos de Deus eram muito estranhos. 

Os caminhos de Abraão raramente foram fáceis. Quase todos os seus passos, se não todos, foram acompanhados de perplexidade. 


Mas o que dirigiu Deus em todos os Seus tratos com Abraão foi o propósito de ter um amigo, trazer um homem a esse nível de relacionamento com Ele, até chegar ao ponto de poder chamá-lo de: “Meu amigo”. 


Se nossos corações anelam por um relacionamento como esse com Deus, então veja o que isso representa: 


Compromisso 


Em primeiro lugar, esse relacionamento de amizade demanda por um compromisso absoluto e sem reservas, uma vida entregue para Deus - sem reservas e sem alternativas. Abraão não tinha alternativas. Esse relacionamento dele com o Senhor era tudo ou nada para ele porque foi selado em uma aliança de sangue. No Monte Moriá Deus pediu pela própria vida de Abraão [seu sangue], mas ainda assim ele permaneceu firme nessa aliança. Abraão estava se agarrando na própria base de seu relacionamento com Deus. 


Confiança 


Amizade também demanda por confiança, mesmo quando o Senhor não explica Seus caminhos, e não compreendemos o que Ele está fazendo. Se houver uma verdadeira amizade entre nós e o Senhor, Ele não precisará explicar porque tomou certo caminho, não exigiremos explicações. Sim, Ele sabe o que está fazendo. Isso é amizade, e essa amizade perdura mesmo quando nosso Amigo está em silêncio e não diz uma palavra. 


Que mais tenho eu...? 


"Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra" (Salmo 73:25). 


Apesar de ser necessário contemplar toda a vida de Abraão para compor a plenitude dessa sublime comunhão, acredito que tudo se consumou naquele incidente, o chamado para oferecer o seu filho Isaque. Apenas pense no que aquilo realmente representou no que dizia respeito à Abraão. Naquele momento Abraão deve ter se perguntado: 'Não foi Deus que o havia conduzido para fora de Ur? Deus não lhe havia prometido um filho? Então, será que Ele deixou de cumprir Sua promessa?' Deus não havia atrelado toda a vida de Abraão àquela promessa e àquele filho? Se Isaque não mais existisse, então sua fé seria vã e nada mais lhe restaria. Deus teria falhado com ele, e sua vida teria sido um fracasso. 


Então: “Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas… oferece-o” (Gênesis 22:2). Não podemos exagerar na seriedade da crise na qual Abraão entrou. Foi algo tremendo para ele! Deve ter levantado questionamentos de que tipo de Deus era Deus, ou quem era esse Deus a quem ele tinha dado sua vida, e tantas outras perguntas e insinuações. Todo o seu direcionamento, consagração, longos anos de espera e dores de parto, sua obediência fiel - tudo, como um sopro, parecia estar perdido. Sobreviver a isso, e mais ainda, passar por isso em triunfo, é explicar o que amizade representa para Deus. Sim, esse é o sentido da amizade. 


Finalmente, foi provado que Abraão estava ligado a muito mais do que Isaque, porque estava ligado a Deus. 

‘Muito bem’, disse Abraão. 

‘Tudo parecia centrado em Isaque, mas se Isaque for, ainda tenho a Deus’. 


Com o que nossa vida está ligada? Coisas? Trabalho? O que será? 

Seremos provados para saber se é o Senhor que tem nossos corações. 

Se Ele tiver, não iremos lutar pelos nossos próprios caminhos, objetivos, interesses e ideais, mesmo na obra de Deus. 

É o Senhor que precisa ter a preeminência sobre todas as coisas, e sobre nós. Isaque personificava essa posição de Abraão. 


Oh, cuidem para que seu coração seja assim para com o seu Senhor! 

Se for, terão a base para prosseguir para esse fim glorioso: ‘Meu amigo, meu amigo’. 


Será que isso é algo que vale a pena? Certamente que sim, pois finalmente o Senhor nos dirá: ‘Entre, meu amigo’. 


-- extratos selecionados do texto de T. Austin-Sparks (Amizade com Deus).


Estudo aos Hebreus - Parte 89